Nós mostramo-nos ingratos em relação ao que nos foi
dado por esperarmos sempre no futuro, como se o futuro (na hipótese de lá
chegarmos) não se transformasse rapidamente em passado. Quem goza apenas do
presente não sabe dar o correcto valor aos benefícios da existência; quer o
futuro quer o passado nos podem proporcionar satisfação, o primeiro pela
expectativa, o segundo pela recordação; só que enquanto um é incerto e pode não
se realizar, o outro nunca pode deixar de ter acontecido. Que loucura é esta que
nos faz não dar importância ao que temos de mais certo? Mostremo-nos
satisfeitos por tudo o que nos foi dado gozar, a não ser que o nosso espírito
seja um cesto roto onde o que entra por um lado vai logo sair pelo outro!
Séneca, in 'Cartas a Lucílio'
que texto espectacular!
ResponderEliminarNão conhecia o autor! Gostei muito.
ResponderEliminarAmanhã futuro, depois de amanhã passado.
ResponderEliminaradoro o Seneca!
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