quinta-feira, 14 de março de 2019

Os problemas da dicotomia ( comer carne)

Hoje venho abordar um tema que é bastante polémico. Toda a gente tem uma opinião sobre o assunto e algumas dessas pessoas são bastante radicais no que a ele diz respeito.
Já estou preparada para todos os tipos de críticas – por isso demorei tanto tempo a escrever este artigo.
Consumo de carne - é o meu tema de hoje. Não me quero alongar muito e nem pretendo aliciar nenhuma posição que vocês possam ter sobre o assunto. É apenas o que sinto sobre esta questão.


Sempre consumi carne e outros derivados de origem animal. Parei durante um ano e não foi assim tão difícil em termos de saúde, já socialmente era complicado.
Em 2014, após ver alguns documentários e influenciada por algumas pessoas que estimo, resolvi parar de comer carne, apenas carne. Continuei a consumir os derivados de origem animal tais como ovos, leite, queijo e iogurtes. Do meu ponto de vista, já que me conheço melhor do que ninguém, seria muito difícil parar especialmente com o queijo e os ovos. Tentei sim, mas em vão. Afinal, convenhamos, são muitos anos com o paladar habituado a determinados alimentos. Construímos a nossa dieta desde muito cedo e ela torna-se um hábito, é a nossa forma de nos saciarmos, ao mesmo tempo que damos prazer ao cérebro. Comer, para mim, nunca foi apenas para me manter ativa, tenho um grande prazer em alimentar-me. Desde sempre que adoro desfrutar da comida.
Durante a fase vegetariana experimentei muitos alimentos que até então me eram totalmente estranhos. E confesso que detestei. Tofu, soja, leite vegetal… Foi um horror. Passei de ter prazer a comer para comer por obrigação, vinculada à ideia da crueldade animal (que SIM existe) e também de ser mais saudável. Socialmente é trabalhoso – sim, mas não impossível, é certo.


Quando voltei a consumir carne, aboli a carne vermelha (para meu próprio bem), diminui muito o consumo da carne branca (por consciência), carne bovina também ficou excluída (por opção).
Ao longo dos anos, foram feitos inúmeros documentários sobre o quanto os animais sofrem para nós termos um bom bife, um copo de leite e por aí vai. Quero deixar claro que não sou insensível a esta questão, ou nem estaria a falar dela aqui. Fico chocada com a forma como os animais são tratados para que o povo possa comer. E já para não falar das condições em que a carne chega até nós: com cancro, proveniente de animais doentes, mas que são aproveitados porque é importante vender e alimentar os carnívoros. Sim, estou incluída. Seria pedir muito que os animais fossem tratados com dignidade? Não é lucrativo? Já sabemos que serão abatidos por nossa causa, então não seria crucial um tratamento respeitável e apropriado?
Consumo carnes brancas talvez duas ou três vezes por mês. Não mais do que isso – mas não é suficiente para mudar coisa nenhuma. Estou consciente disso.
A discussão poderia tornar-se bastante longa. É certo que é possível viver sem a proteína animal, afinal a Natureza dá-nos tanto. Estando na minha pele, vivo numa dicotomia como devem calcular. Se ao menos o consumo destes alimentos de origem animal diminuíssem… é certo que não resolvia muito, mas era um bom princípio.
Contem-me o que pensam deste assunto.

A segunda parte deste artigo, que remete para a tortura animal com fins recreativos, será publicada na próxima semana.


JB