domingo, 1 de dezembro de 2019

Porque é tão difícil respeitar as diferenças?

Eu já devo ter escrito sobre esta questão, se não escrevi já o deveria ter feito. Sou da opinião que partilhar emoções e pensamentos ajuda a encontrar respostas para perguntas difíceis.
Vejamos. Eu acho bonito uma pessoa dizer que respeita todos os seres humanos: as suas opiniões, os seus credos, os seus pensamentos, as suas emoções e por aí fora. Isso é tudo muito bonito na teoria. Quando nos vemos realmente confrontados com situações que colocam em evidência as diferenças entre nós e os outros, começam as discussões, os argumentos e, muitas vezes, a coisa corre mal. Corre mal entre amigos, conhecidos, família, colegas – geram-se discussões que, por vezes, são muito complicadas de resolver. Desde uma simples diferença de gostos a grandes diferenças de personalidade, a coisa pode tornar-se séria. Famílias deixam de se falar, amigos discutem, casais separam-se. É bastante difícil lidar com a diferença.
É fundamental haver respeito entre nós e os outros, entre as nossas opiniões e as opiniões dos outros. Não porque os livros e os especialistas em comportamento humano nos dizem que deve ser assim, mas porque nós precisamos de viver/conviver com os outros, somos seres sociais. Bem, eu confesso que não sou assim tão social, e a tendência é a ser cada vez mais seletiva no que toca às pessoas com quem eu interajo. Mas mesmo com um curto círculo de pessoas à nossa volta, há sempre diferenças.

Porque é então tão difícil aceitarmos que somos diferentes?
Porque o ser humano é um ser complexo e muito emocional. De alguma forma, nós gostamos da aprovação dos outros. Quando alguém nos expõe o seu ponto de vista diferente, a nossa tendência é julgar imediatamente. É intrínseco ao ser humano este tipo de comportamento. Nós gostamos que os outros pensem como nós, ajam como nós, sejam como nós. Esses dogmas sobre os opostos não me convencem. Quando alguém concorda connosco, apoia a nossa opinião, nós sentimo-nos valorizados e apreciados. Nós pensamos “esta pessoa gosta da minha personalidade, que bom, eu estou certo, estou a fazer as coisas bem, eu sou um exemplo”. Nós, humanos, somos tão vaidosos, até no carácter. Nós gostamos que gostem de nós e das coisas que nós gostamos. O pior é que, na realidade, nós gostamos que os outros sejam como nós. Quão pretensiosos nós somos.

Eu aprendi, no meu contacto com variadas pessoas, que eu cometo estes mesmos erros. É tão importante ter bondade e disponibilidade para ouvir os outros. Tentar compreender e demonstrar interesse na pessoa que age tão diferente de nós é crucial. Nós podemos ser diferentes e conviver com civismo e compaixão. Mesmo que nós não concordemos com o que é dito, porque não procuramos entender as motivações que estão por detrás daquela posição tão diferente da nossa? Isto eu faço. Eu tento compreender de milhares de maneiras as razões que levam alguém a ser tão diferente de mim. Nem sempre eu sou bem-sucedida, tenho a impressão de que as pessoas entendem este ato como já ele em si um julgamento. Afinal eu estou meio que a perguntar “Porque pensas assim?”. Totalmente errado na minha opinião. É importante entender os outros e para que isso aconteça têm de haver perguntas e respostas. As pessoas têm de estar abertas a dialogar – isto é algo que falta tantas, mas tantas vezes, entre duas pessoas diferentes. As pessoas são seres difíceis, se não estamos preparados para elas, então sim, o melhor é afastarmo-nos.



Mas, antes de terminar este meu desabafo, há algo que eu tenho que frisar aqui: personalidades diferentes são uma coisa. Falhas de carácter são outra. Não são passíveis de ser entendidas e nem devem ser. Há pessoas que realmente não prestam, há pessoas cujas ideologias colidem com as nossas no sentido moral e aí meus caros, não há nada a fazer – essas pessoas teriam de nascer de novo ou reinventarem-se a 100%. Eu não posso sentir respeito por uma pessoa mentirosa e aceitar isso. Sejamos claros quanto a isso. Aceitar as diferentes opiniões, posições ou gostos – tudo bem. Aceitar mentiras, falhas, deslealdade, bem isso não é ser diferente, isso é não ter carácter e isso não deve ser aceite por ninguém. Há pessoas que têm graves falhas na estrutura de todo o seu ser. Atenção a isso.

O que vocês acham que o ser humano pode fazer para ser mais compreensivo com o seu semelhante?

JB

sábado, 23 de novembro de 2019

Compromisso ou Escravidão?

Este é um tema que nos afeta a todos. Os compromissos que temos de assumir perante a sociedade e perante os outros acorrentam-nos, e como nos acorrentam!

Todos os assuntos abordados neste blogue são da minha autoria, mas sempre baseados em inúmeras conversas com amigos, família e até desconhecidos, experiências pessoais e experiências alheias. Dito isto, vamos ao assunto que me traz até vós hoje.

O compromisso de ser boa pessoa, bom filho, bom pai, bom irmão, bom profissional… bom, bom, bom. Temos de ser bons em tudo. O ideal é ser mesmo muito bom. Ou mais do que bom, se for possível. Tudo é um compromisso hoje em dia. Tornamo-nos peritos nisto tudo, menos no essencial – não somos (nada) bons em comprometermo-nos com a nossa felicidade, com a nossa liberdade, com o nosso eu e com as necessidades que ele nos grita o tempo todo. E nós? Fingimos não ouvir. É cómodo e já somos bons em tanta coisa, para que é que temos de nos preocupar em ser felizes? Isso é assim tão importante? Pensemos bem: temos uma casa confortável, um carro bastante porreiro, um emprego que paga as comodidades, toda a gente à nossa volta tem orgulho de nós, então para quê preocuparmo-nos em sermos realmente felizes? Aliás, não será já isto ser feliz? Não, na grande maioria das vezes, não é. Quem o diz? As próprias pessoas, nos cinco segundos em que conseguem olhar para dentro de si mesmas e dizer a verdade, sem medos, nem correntes.
O maior compromisso tem de ser com nós mesmos – este é o mais válido, o mais importante, o único através do qual toda a nossa existência terá (ou não) sentido. Temos a obrigação de nos comprometer com nós mesmos e com a nossa felicidade. Infelizmente é o compromisso no qual mais falhamos. Porquê? Cada um terá os seus motivos, que defenderá com unhas e dentes, que dirão ser motivos válidos e dirão até que são felizes, à sua maneira. Talvez sejam. Talvez haja pessoas que precisam de muito pouco para serem felizes. Por vezes, o melhor mesmo é nem olhar para dentro, é não ver e nem ouvir o que a nossa alma nos pede.
Após muitas conversas e ouvir muitos relatos, percebo que alguns fatores contribuem para que nunca assumamos o compromisso de sermos felizes, eu digo extremamente felizes, não aquela felicidade mundana de quem consegue comprar um carro novo. Eu falo de felicidade real. O contexto social, o contexto económico, as relações familiares, mas o maior e mais predominante, aquele que aparece de mãos dadas com todos estes que eu referi, é a fragilidade emocional. Algo de cura muito difícil.
Ter de agradar a todos, fazer tudo corretamente, não desiludir a família, casamentos falhados mas que têm de ser para a vida, amigos que só gostam de nós pelo que nós parecemos ser e não por aquilo que nós realmente somos, possuir bens para que as pessoas vejam que podem confiar em nós e admirar-nos porque nós somos bem-sucedidos. Sim, de alguma forma o poder e ser bem-sucedido atrai as pessoas, nunca percebi porquê – um dia falaremos disso. Bem, eu poderia estar aqui a enumerar fatores até 2050.
Existe todo este enorme compromisso que assumimos perante o mundo inteiro e falhamos connosco próprios. E não nos importamos. Já chegámos ao ponto onde isso já não importa, desde que tenhamos uma vida confortável. 
Em conversas com pessoas próximas, eu realizei que o medo, o pânico, o terror de tentar ser feliz assombra até os mais audazes. O medo do desconhecido incapacita as pessoas. Trocar o certo pelo incerto. Sair da zona de conforto. Isto levou-me ao título deste artigo: compromisso ou escravidão? Vivemos comprometidos ou vivemos escravos? Já não somos escravos dos senhores das terras, mas somos escravos de nós mesmos. Auto escravizamo-nos. O ponto a que o ser humano chegou assusta-me. Assusta-me tanto.

Image by freepik

Querer ser feliz e fazer disso um objetivo de vida parece algo ridículo de se dizer na sociedade de hoje em dia. Perdeu-se a coragem, a bravura, a lealdade. Venceu a hipocrisia, o fingimento. Vendeu-se a alma ao diabo porque é conveniente aos olhos de alguém, por vezes até aos nossos próprios olhos isso já é aceitável. As pessoas enganam-se a si mesmas e vivem felizes com isso. Seja lá o que eles consideram que ser feliz é.

Deixo-vos com uma metáfora inventada por mim. Ocorreu-me e pareceu indicada para terminar este artigo. Um pensamento que está dentro de tantas e tantas mentes, espalhadas por esse mundo fora.
«Eu não vou deixar o meu sofá de 3.000 euros para dormir no chão de um T0 imundo onde não terei nada, apenas liberdade…»

Bom fim de semana e já sabem: a vossa opinião importa!

JB


sexta-feira, 18 de outubro de 2019

Quando vai parar de doer?


Não esperem um texto motivacional, inspirador ou positivo. Não esperem palavras bonitas e cheias de força. Se é disso que estão à espera, aconselho-vos a parar por aqui.

Há um mês atrás, por esta hora, eu já estava órfã de pai. Um mês e continua a doer como se tivesse acontecido neste segundo. Os sentimentos continuam inflamados com fúria e revolta.
O pai faleceu por causa de um cancro no estômago silencioso, traiçoeiro e inoperável. Tudo aconteceu em pouco mais de um mês: o diagnóstico, o sofrimento e a morte. Serei breve. O pai começou a sentir-se indisposto no início de Agosto (2019). Ele sempre “vendeu” saúde, no início ninguém pensou tratar-se de algo tão letal. Duas semanas indisposto e após alguns vómitos, o pai foi ao médico – umas coisinhas leves para aliviar o mal-estar no estômago e nenhum exame foi feito. Isto pode soar a uma crítica, mas neste ponto eu já não sei quem culpar ou criticar – toda a gente e ninguém ao mesmo tempo. Eu percebo que por um mal-estar numa pessoa que sempre teve saúde não é propriamente um sinal de alarme, mas já eram duas semanas a sentir-se mal do estômago. A meio do mês de Agosto o pai perdeu quase todo o seu sangue num compulsivo vómito que o levou à urgência e onde soubemos que ele tinha cancro. Um belo de um cancro. O pai ficou muito triste e sentiu-se culpado por não ter ido antes ao médico, os manos e a mãe alimentaram algum tipo de esperança divina ou sobrenatural e eu? Bem, eu já temia que não era apenas uma úlcera e apesar do meu cérebro científico suspeitar há algum tempo que seria de facto cancro, o meu coração de filha incitava-me a ter esperança que fosse algo menos sério. Seguiu-se uma enxurrada de exames – aqui o SNS funcionou sem nada a apontar. Foram rápidos e o pai sempre foi bem atendido e tratado com respeito e seriedade e, claro, prioridade máxima. O cancro era terminal. Já espalhado e era enorme - metade do seu estômago era cancro.
Os médicos que cuidaram do pai não foram 100% sinceros, mas foram 80%. O meu irmão vive na Alemanha e desde o início de Setembro que os médicos pediram à mãe que reunisse os filhos. Falámos por telefone com a médica que estava com o caso do pai e ela disse-nos que seria uma questão de meses, não teríamos mais tempo. O pai não pode fazer tratamentos, o sangue dele estava com níveis assustadores, além de uma severa anemia. Chegaram as dores intensas no estômago, a morfina não estava a ajudar e o pai foi novamente às urgências por causa da dor. E pronto, tudo acabou aqui. A médica cuidou dele como se houvesse esperança, mas não havia e ela acabou por pedir à mãe que chamasse os filhos pois o pai não sobreviveria à noite. E não sobreviveu.
Não que haja tempo suficiente para que se possa aceitar uma sentença desta força, mas um mês? Nós nem conseguimos respirar fundo e o pai já estava sepultado. Estou dormente até hoje. Penso tantas vezes que é mentira, que isto é uma espécie de realidade paralela. Como é que a minha mãe pode ser viúva? O pai morreria de velhice, pelo menos na minha cabeça seria assim.
Sobre o pai… Ele viveu a vida como ele quis. Amigos, família, festa e o seu copo de vinho nunca faltaram. O pai ajudava toda a gente e toda a gente gostava dele. O meu pai amou-me a mim e aos meus irmãos em todos os momentos das nossas vidas. O pai amava sem pedir nada em troca. O pai… o meu pai… o nosso pai… o marido da minha mãe. O centro da nossa família, o centro das atenções, o ex-combatente do Ultramar. Quem vai falar sem parar na noite de Natal? Nunca mais será o mesmo. Nada nunca mais será igual. Tão injusto. Tanta dor. Estamos destroçados, despedaçados, dilacerados. Eu não consigo olhar-me no espelho e pensar que eu já não tenho o pai comigo. Dói demasiado. Isto não vai cicatrizar nunca? Quanto tempo dura esta angústia?
O meu pai era tão amado. Quero deixar aqui o meu profundo agradecimento a toda a nossa família (paterna e materna) que sempre estiveram lá para nos manter em pé quando a única vontade era morrer também. Foram incansáveis. E não apenas na morte do pai, durante o mês em que ele adoeceu estiveram sempre presentes. Os meus tios, os meus primos, os amigos do pai, colegas de trabalho, toda a gente mesmo – o pai nunca esteve sozinho nem na doença e nem na sua morte.
Às pessoas que estiveram do meu lado presencialmente ou do outro lado do telefone o meu obrigado não é suficiente. Eu tenho pessoas tão boas na minha vida, elas trazem um pouco de luz à escuridão que me tem perseguido. Pessoas de quem eu não esperava nada. E também há aquelas de quem eu esperava algo e não obtive nada. O cancro não se pega, não tenham medo que não é contagioso.

A todos aqueles que enfrentam (ou enfrentaram) este monstro o meu abraço sentido de força. O cancro atinge os “inatingíveis”.
Obrigada pelo vosso tempo.


JB

domingo, 15 de setembro de 2019

Quando a vida nos derruba... com estrondo.

Quem nunca foi atingido desta maneira? Tenho sérias dúvidas de que alguém consiga passar por esta vida sem ser abalroado pelas partidas de mau gosto que a vida gosta de pregar. São aquelas partidas muito feias e sombrias que nós sempre achamos que nunca nos vão acontecer.
Já alguma vez se sentiram atingidos desta maneira? Como se tivessem sido atropelados por um camião? E quando tentam levantar-se, ele faz marcha à trás e atropela-vos de novo? É esmagador. Eu venho aprendendo muito sobre este sentimento nos últimos tempos.
Não é fácil manter a clareza no pensamento nestes momentos. Uma pessoa sente-se encurralada, sente-se impotente, sente-se menor do que um grão de areia.

Não venho dar-vos conselhos. Venho apenas partilhar que, apesar de uma dor imensa, intensa e extremamente poderosa, não podemos deixar de acreditar que vida vale totalmente a pena. Sim, vale a pena. Vale a pena viver para experienciar a aventura, o prazer, a amizade, as viagens, vale a pena sentir o cheiro das flores, a brisa fresca no rosto, a música, os livros, o amor.
Há muito tempo que eu parei de questionar os desígnios da vida. Não é que eu não sinta vontade de o fazer, porque eu tenho, mas eu entendi que é uma luta inglória. É uma pergunta sem resposta. Então para quê gastar energia questionando a vida? É melhor blindarmo-nos antes com uma grande capacidade de aceitação de tudo aquilo que nós não podemos controlar.



Permitam-se sentir todas as emoções negativas. Dor, desespero, tristeza, impotência, revolta. Gritem se tiverem vontade de o fazer. Chorem como se não houvesse amanhã. Temos o direito de sentir tudo isto. Somos dotados com a capacidade de sentir - é um direito nosso exprimir as nossas emoções -  não abdiquem dele.
O ser humano é tão frágil quanto é forte. E é por isso mesmo que nós nos conseguimos reerguer das atrocidades que a vida nos faz. Nunca mais seremos os mesmos. Isso não. Não seria possível. Mas com alguma resiliência podemos nos tornar pessoas melhores do que éramos antes. Mais fortes. Mais destemidas. Quando nós aceitamos a perda, uma luz acende-se dentro de nós. Uma luz que nos traz a notícia de que sobrevivemos.

E se sobrevivemos a uma dor tão profunda, poucas coisas daí em diante nos derrubarão.


JB

quinta-feira, 5 de setembro de 2019

O Perigo De Ser Demasiado Prestável

Há muito que eu quero falar convosco sobre este tema. Longe vai o tempo em que ser prestável era sinal de receber em troca o mesmo tratamento por parte dos outros. Observo que hoje em dia é mais um risco do que uma qualidade! Mas não deixemos de ser prestáveis, por favor, tenhamos apenas muito cuidado com quem o somos.
Antes de transmitir-vos a minha opinião sobre “o ser prestável”, eu assumo já que eu apenas sou prestável para as pessoas que estão no meu coração. Sou educada com toda a gente, mas ser prestável é muito mais do que isso.

O que são pessoas prestáveis?
A meu ver, são pessoas boas, gentis, sempre dispostas a ajudar e até a fazerem as tarefas dos outros. São pessoas calorosas de quem todos gostamos, raramente entram em conflitos, resumindo são pessoas que toda a gente gosta de ter por perto.

Ser prestável pode sim ser um risco. Um risco para si mesmo.
Nos dias que correm as pessoas tendem a abusar de quem é prestável. Isto é tão errado quanto verdade. Ao invés de se ficar agradecido à pessoa que fez algo por nós, hoje em dia as pessoas abusam disso. Vão pedindo sempre mais e mais favores, esquecem-se de agradecer, chegando a um ponto em que já esperam que a pessoa prestável lhe preste vassalagem, como se fosse uma obrigação. Como o ser humano é ingrato e centrado em si mesmo. Quanto mais damos de nós, mais as pessoas querem. Querem mais e mais.
Se és uma pessoa prestável e estás lendo isto tem muito cuidado e presta atenção às pessoas à tua volta, não deixes que abusem de ti e nem que te manipulem. Há riscos emocionais e psicológicos inerentes.
Por inúmeras vezes as pessoas demasiado prestáveis escondem todas as suas emoções, especialmente as negativas, tornam-se ansiosas, sentem-se inferiores, sobretudo perante as pessoas para quem são tão prestáveis e desenvolvem até alguma dependência relativamente a elas. Pessoas prestáveis frequentemente culpam-se a elas mesmas e são exageradamente autocríticas. É emocionalmente desgastante ser demasiado prestável, ainda mais quando não há retorno.


Devemos deixar de ser prestáveis?
Não. Devemos sim cuidar das nossas emoções, do nosso bem-estar. Podemos fazer isto e ainda assim cuidar dos outros, mas sem exageros. As pessoas não precisam de ser cuidadas o tempo todo. Não são eternos bebés. Pratiquem o uso da palavra não sem serem agressivos. É possível ser gentil e dizer não. Não nos podemos deixar esmagar por pessoas que não conseguem olhar para além do seu ego.
Não abdiquem de ser tratados com respeito. Não abdiquem do direito de ser cuidados também.

Conhecem pessoas demasiado prestáveis? Contem-me tudo.



JB

quinta-feira, 6 de junho de 2019

Os Meus (Estranhos) Hábitos


Todos nós temos hábitos que, no fundo, já são as nossas rotinas pessoais – aquelas coisas que, se não as fizermos, o dia já não corre tão bem (pensamos nós). Eu chamo-lhes “vícios mentais”. São convicções tão fortes que já não sabemos ser de outra maneira.
Venho partilhar convosco sete desses meus hábitos que uns acharão normais, outros dirão que eu sou uma “weirdo”.
1.  Estalo os dedos várias vezes por dia, caso não o faça, sinto que não tenho as mãos relaxadas. É um hábito que irrita as pessoas à minha volta, mas dá-me tanto prazer!
2.  Quando tenho sono, ou regra geral ao final do dia, tenho a mania de coçar o couro cabeludo ao ponto de ficar mesmo irritado. Mais uma vez, eu associo esta prática ao meu relaxamento e bem-estar. Vá se lá saber.
3.  Todos os dias tenho de beber três litros de água, caso não o faça, sinto-me incompleta. Aqui podem rir.
4.  Danço enquanto escovo os dentes. Acho um desperdício de tempo estar dois minutos a escovar os dentes sem fazer nada.
5. Todos os dias tenho uma obsessão por uma música (habitualmente rock) e ouço-a, no mínimo, dez vezes seguidas. Repeat, repeat
6.  Não gosto de estar em casa com a roupa com que ando na rua. Nem que vá a casa por meia hora tenho de vestir e calçar algo confortável. Este hábito é mesmo uma grande obsessão, não consigo evitar porque simplesmente não me sinto bem.
7. Quando saio à noite para dançar, tenho sempre de regressar antes do sol nascer. Fico totalmente desorientada se chegar a casa e já estiver o dia claro. Confunde-me o sistema!

Pois é meus caros, são de facto hábitos muitos estranhos, confesso que tenho mais alguns.
Partilhem comigo os vossos hábitos mais estranhos. Somos todos um pouco weird mesmo!


JB

quarta-feira, 22 de maio de 2019

Dói Mudar e Dói Não Mudar

Mudar um comportamento, um hábito, mudar de vida, de carro, de emprego ou qualquer outra mudança parece sempre muito difícil. Muitas vezes perdemos a vontade de o fazer pelo caminho.
Há muitas teorias e psicologias sobre o tema e todas me parecem corretas. Como em todos os assuntos que aqui abordo, hoje vou falar sobre como eu me sinto face à mudança. É a minha opinião. É sempre importante ressalvar isso.
Mudar o nosso comportamento é um verdadeiro desafio para o nosso cérebro. Especialmente aquelas mudanças que são para vida, ou pelo menos a longo prazo. Mudar de emprego, comprar uma casa, afastarmo-nos de certas pessoas, deixar de fumar, e por aí fora. Somos criaturas de hábitos, mergulhados em rotinas às quais não gostamos de fugir. As nossa vidas são tipo aqueles roteiros turísticos que se repetem dia após dia e sabe tão bem cumprir essa rotina com sucesso não é? Nada de mal nisso. Eu adoro a minha rotina, desenhei-a para mim e faz-me sentir completa. A nossa rotina faz parte da nossa identidade, por isso é tão difícil mudá-la. Mas, por vezes, é necessário.
A vontade de mudar tem de partir de nós, do nosso âmago. Quando sentimos que algo já não está a fazer sentido na nossa rotina, na nossa forma de estar ou ser, aí é preciso reinar a vontade de alterar o que deixou de nos preencher.
Na hora da mudança chegam os medos, as preocupações, a ansiedade, o stress, começamos a ser assombrados com pensamentos negativos. Tudo isto porque temos medo, muito medo minha gente, de sair da zona de conforto do que é estável. Somos o nosso pior inimigo, alguém duvida? Somos invadidos pelo medo de fracassar ou de, afinal, a mudança não se revelar boa para nós, como havíamos planeado. Enfim, pensamos em todos os motivos e mais algum para não mudar – é basicamente isto. Parece bem mais fácil manter uma vida razoável, sem grandes emoções fortuitas. Parece e é, de facto. Mas, a meu ver, é o que vai destruindo a nossa capacidade de viver e sonhar desmedidamente. Faz-nos perder a espontaneidade, a criança que perdura em nós. Aos poucos desistimos de viver, apenas para subsistir.
É preciso compreender que existem hábitos nas nossas vidas que simplesmente já não fazem sentido. Quando percebemos que determinados comportamentos ou estados de vida já não nos fazem felizes, é sinal que é urgente mudar. E todos já passámos por isso. Ainda que não tenhamos feito nada para alterar o que nos deixa infelizes, já todos sentimos essa urgência em mudar.
Sou da opinião que a mudança é algo gradual, algo que vai crescendo e evoluindo. Já lá vai o tempo (e a idade) em que achava que as mudanças deveriam ser drásticas, radicais mesmo. Comigo nunca funcionou, foi sempre um falhanço total. Exigia isso de mim mesma e quando não conseguia atingir a mudança que almejava, sentia-me um fracasso de pessoa. Talvez a mudança radical funcione para algumas pessoas, não duvido disso, mas para mim não dá. Optei por mudanças pequenas, diárias até, mas que me vão fazendo evoluir de uma forma que me preenche e me faz sentir orgulhosa de mim mesma. Pequenos passos para uns, grandes mudanças para mim. É um caminho mais lento, mas bem mais satisfatório. Todos os dias noto diferenças positivas em mim. E isso faz-me querer ser sempre mais e melhor.
Afinal, não é o destino, mas a jornada que importa.


Pensam muitas vezes no que gostariam de mudar?



JB

domingo, 7 de abril de 2019

A Morte Diverte?

Animais e entretenimento? Não me parece.

Os profissionais que cuidam dos animais já provaram, há muito, que determinados espetáculos não só afetam o bem-estar dos animais, como são na realidade uma crueldade. Do outro lado estão os defensores da tradição: a tourada, o circo, e por aí vai.
A privação da liberdade dos animais que andam com o circo é o mínimo dos problemas (considerando tudo o que passam por lá). Vivem em cativeiro, forçados a aprender um comportamento antinatural para atuar e divertir os humanos. Lamentável. Jardins zoológicos, oceanários e afins também estão na minha lista negra. Não é tão giro tirar fotos com tigres que estão drogados? Já que, devido aos seus instintos, de outra forma não conseguiriam estar ali sossegados. E os golfinhos? E os tubarões nos grandes aquários? Presos no meio da turbulência das grandes cidades? Quando podiam estar na imensidão do oceano, o seu habitat natural. Não consigo encontrar graça nenhuma a isso. Não me fascina. E os elefantes? Que são mal tratados e forçados a aprender os comandos que os treinadores desejam para evitarem serem magoados? Se estiverem interessados sobre o sofrimento pelo qual os elefantes passam há muitas gerações, pesquisem sobre o trabalho escravo a que são sujeitos em países como a Tailândia. Aproveitem e pesquisem também sobre casos comprovados de depressão dos animais que vivem em zoológicos e circos. Vivem em jaulas, não podem explorar nem brincar. Estão apenas “na montra” para os humanos se divertirem.

E o que dizer sobre as touradas? Elas remontam ao século XII e Portugal e Espanha são grandes impulsionadores desta prática. Antes do “espetáculo”, os cornos do animal são serrados (o processo é doloroso sim) para que sejam colocadas as “embolas” e após a corrida inicia-se o processo de retiradas de bandarilhas (ferros), que estão espetadas no dorso. Por vezes é preciso cortar o touro para que o processo seja concluído com sucesso. E em sofrimento e ferido, o animal segue para o seu destino – o abate. Alguns morrem antes de entrar no matadouro. Já sei que vão dizer que nem todos os animais são mortos, mas não se iludam. Se houver um em mil que não seja morto já é muito! Para entenderem todo o processo que envolve o antes e pós-tourada, aconselho a leitura do seguinte artigo: http://mgranti-touradas.blogspot.com/2009/07/touradas-portuguesa-o-sofrimento-dos.html (vale muito a pena).
É caso para perguntar: a morte diverte-te?




JB

quinta-feira, 14 de março de 2019

Os problemas da dicotomia ( comer carne)

Hoje venho abordar um tema que é bastante polémico. Toda a gente tem uma opinião sobre o assunto e algumas dessas pessoas são bastante radicais no que a ele diz respeito.
Já estou preparada para todos os tipos de críticas – por isso demorei tanto tempo a escrever este artigo.
Consumo de carne - é o meu tema de hoje. Não me quero alongar muito e nem pretendo aliciar nenhuma posição que vocês possam ter sobre o assunto. É apenas o que sinto sobre esta questão.


Sempre consumi carne e outros derivados de origem animal. Parei durante um ano e não foi assim tão difícil em termos de saúde, já socialmente era complicado.
Em 2014, após ver alguns documentários e influenciada por algumas pessoas que estimo, resolvi parar de comer carne, apenas carne. Continuei a consumir os derivados de origem animal tais como ovos, leite, queijo e iogurtes. Do meu ponto de vista, já que me conheço melhor do que ninguém, seria muito difícil parar especialmente com o queijo e os ovos. Tentei sim, mas em vão. Afinal, convenhamos, são muitos anos com o paladar habituado a determinados alimentos. Construímos a nossa dieta desde muito cedo e ela torna-se um hábito, é a nossa forma de nos saciarmos, ao mesmo tempo que damos prazer ao cérebro. Comer, para mim, nunca foi apenas para me manter ativa, tenho um grande prazer em alimentar-me. Desde sempre que adoro desfrutar da comida.
Durante a fase vegetariana experimentei muitos alimentos que até então me eram totalmente estranhos. E confesso que detestei. Tofu, soja, leite vegetal… Foi um horror. Passei de ter prazer a comer para comer por obrigação, vinculada à ideia da crueldade animal (que SIM existe) e também de ser mais saudável. Socialmente é trabalhoso – sim, mas não impossível, é certo.


Quando voltei a consumir carne, aboli a carne vermelha (para meu próprio bem), diminui muito o consumo da carne branca (por consciência), carne bovina também ficou excluída (por opção).
Ao longo dos anos, foram feitos inúmeros documentários sobre o quanto os animais sofrem para nós termos um bom bife, um copo de leite e por aí vai. Quero deixar claro que não sou insensível a esta questão, ou nem estaria a falar dela aqui. Fico chocada com a forma como os animais são tratados para que o povo possa comer. E já para não falar das condições em que a carne chega até nós: com cancro, proveniente de animais doentes, mas que são aproveitados porque é importante vender e alimentar os carnívoros. Sim, estou incluída. Seria pedir muito que os animais fossem tratados com dignidade? Não é lucrativo? Já sabemos que serão abatidos por nossa causa, então não seria crucial um tratamento respeitável e apropriado?
Consumo carnes brancas talvez duas ou três vezes por mês. Não mais do que isso – mas não é suficiente para mudar coisa nenhuma. Estou consciente disso.
A discussão poderia tornar-se bastante longa. É certo que é possível viver sem a proteína animal, afinal a Natureza dá-nos tanto. Estando na minha pele, vivo numa dicotomia como devem calcular. Se ao menos o consumo destes alimentos de origem animal diminuíssem… é certo que não resolvia muito, mas era um bom princípio.
Contem-me o que pensam deste assunto.

A segunda parte deste artigo, que remete para a tortura animal com fins recreativos, será publicada na próxima semana.


JB

sábado, 19 de janeiro de 2019

Pele mega seca! E agora?

Quem mais sofre deste (grande) problema?
Bem, a minha pele já passou por várias fases, mas há uns anos que estabilizou na sua versão seca, muito seca. No inverno então, a situação agrava-se substancialmente. Mudei mil vezes de cremes e de nada adiantou. Após pesquisar sobre o assunto e falar com algumas pessoas com o mesmo problema, consegui que a minha pele estabilizasse. Quero dizer, continua seca, mas pelo menos consegui que não escamasse e até já dá para usar maquilhagem – antes não podia, pois pelo facto de escamar, ficava com um aspeto asqueroso!
Os produtos que uso para manter a pele do rosto hidratada e bonita funcionam para mim e, apesar de alguns terem sido recomendados por especialistas, não quer dizer, de todo, que funcione para toda a gente – cada pessoa deve informar-se sobre o melhor a usar para a sua pele.
Nunca é de mais lembrar que é muito importante lavar o rosto duas vezes ao dia e exfoliar, pelo menos, uma vez por semana, para que a pele possa estar sempre limpa e assim absorver melhor os produtos.
Segue abaixo uma imagem dos produtos que salvaram literalmente a minha pele.
Após lavar e secar o rosto de manhã, uso água termal (uso a da Vichy) – é só fechar os olhos e pôr uma quantidade generosa em toda a face. A pele seca apresenta uma deficiência dos níveis de água e dos óleos essenciais que protegem a mesma. Por isso, para além de usarem e abusarem da água termal no rosto, convém beber pelo menos dois litros de água por dia. É importante começar a tratar da pele, pelo menos, uma hora e meia a duas horas antes de sair de casa, especialmente se formos usar maquilhagem, já que esta requere uma boa preparação/hidratação. Quando a água termal seca, aplico creme gordo (uso o da Vasenol) – se for usar maquilhagem ao invés de usar o creme gordo, uso o Bepanthene Plus (sim ajuda imenso a pele quando se vai pôr base). Após 45 minutos de ter colocado o creme gordo (ou Bepanthene), coloco por cima o meu creme de dia normal. Pode parecer muito creme, mas para que tem a pele seca, esta extra proteção fará milagres. A pele fica suave e elástica.
Por último, o tratamento da noite. Aqui vario um pouco. Quem usa maquilhagem durante o dia deve usar um desmaquilhante à base de óleo, bifásico. Após a lavagem do rosto e da água termal, uso o famosinho Nivea da lata azul, é maravilhoso! Faço isto quando chego a casa e só mesmo antes de me deitar é que aplico o meu creme de noite normal (que deve ser adequado para a pele seca). Duas vezes por semana, em vez de usar estes cremes à noite, coloco uma boa quantidade de óleo de coco extra virgem e deixo ficar até ao outro dia de manhã.
Só consegui ver resultados ao fim de quase três semanas, por isso não desistam e tratem bem da vossa pele, é a única “roupa” que usamos 24 sobre 24 horas.
Malta da pele seca: partilhem comigo os vossos truques!



JB