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sábado, 23 de novembro de 2019

Compromisso ou Escravidão?

Este é um tema que nos afeta a todos. Os compromissos que temos de assumir perante a sociedade e perante os outros acorrentam-nos, e como nos acorrentam!

Todos os assuntos abordados neste blogue são da minha autoria, mas sempre baseados em inúmeras conversas com amigos, família e até desconhecidos, experiências pessoais e experiências alheias. Dito isto, vamos ao assunto que me traz até vós hoje.

O compromisso de ser boa pessoa, bom filho, bom pai, bom irmão, bom profissional… bom, bom, bom. Temos de ser bons em tudo. O ideal é ser mesmo muito bom. Ou mais do que bom, se for possível. Tudo é um compromisso hoje em dia. Tornamo-nos peritos nisto tudo, menos no essencial – não somos (nada) bons em comprometermo-nos com a nossa felicidade, com a nossa liberdade, com o nosso eu e com as necessidades que ele nos grita o tempo todo. E nós? Fingimos não ouvir. É cómodo e já somos bons em tanta coisa, para que é que temos de nos preocupar em ser felizes? Isso é assim tão importante? Pensemos bem: temos uma casa confortável, um carro bastante porreiro, um emprego que paga as comodidades, toda a gente à nossa volta tem orgulho de nós, então para quê preocuparmo-nos em sermos realmente felizes? Aliás, não será já isto ser feliz? Não, na grande maioria das vezes, não é. Quem o diz? As próprias pessoas, nos cinco segundos em que conseguem olhar para dentro de si mesmas e dizer a verdade, sem medos, nem correntes.
O maior compromisso tem de ser com nós mesmos – este é o mais válido, o mais importante, o único através do qual toda a nossa existência terá (ou não) sentido. Temos a obrigação de nos comprometer com nós mesmos e com a nossa felicidade. Infelizmente é o compromisso no qual mais falhamos. Porquê? Cada um terá os seus motivos, que defenderá com unhas e dentes, que dirão ser motivos válidos e dirão até que são felizes, à sua maneira. Talvez sejam. Talvez haja pessoas que precisam de muito pouco para serem felizes. Por vezes, o melhor mesmo é nem olhar para dentro, é não ver e nem ouvir o que a nossa alma nos pede.
Após muitas conversas e ouvir muitos relatos, percebo que alguns fatores contribuem para que nunca assumamos o compromisso de sermos felizes, eu digo extremamente felizes, não aquela felicidade mundana de quem consegue comprar um carro novo. Eu falo de felicidade real. O contexto social, o contexto económico, as relações familiares, mas o maior e mais predominante, aquele que aparece de mãos dadas com todos estes que eu referi, é a fragilidade emocional. Algo de cura muito difícil.
Ter de agradar a todos, fazer tudo corretamente, não desiludir a família, casamentos falhados mas que têm de ser para a vida, amigos que só gostam de nós pelo que nós parecemos ser e não por aquilo que nós realmente somos, possuir bens para que as pessoas vejam que podem confiar em nós e admirar-nos porque nós somos bem-sucedidos. Sim, de alguma forma o poder e ser bem-sucedido atrai as pessoas, nunca percebi porquê – um dia falaremos disso. Bem, eu poderia estar aqui a enumerar fatores até 2050.
Existe todo este enorme compromisso que assumimos perante o mundo inteiro e falhamos connosco próprios. E não nos importamos. Já chegámos ao ponto onde isso já não importa, desde que tenhamos uma vida confortável. 
Em conversas com pessoas próximas, eu realizei que o medo, o pânico, o terror de tentar ser feliz assombra até os mais audazes. O medo do desconhecido incapacita as pessoas. Trocar o certo pelo incerto. Sair da zona de conforto. Isto levou-me ao título deste artigo: compromisso ou escravidão? Vivemos comprometidos ou vivemos escravos? Já não somos escravos dos senhores das terras, mas somos escravos de nós mesmos. Auto escravizamo-nos. O ponto a que o ser humano chegou assusta-me. Assusta-me tanto.

Image by freepik

Querer ser feliz e fazer disso um objetivo de vida parece algo ridículo de se dizer na sociedade de hoje em dia. Perdeu-se a coragem, a bravura, a lealdade. Venceu a hipocrisia, o fingimento. Vendeu-se a alma ao diabo porque é conveniente aos olhos de alguém, por vezes até aos nossos próprios olhos isso já é aceitável. As pessoas enganam-se a si mesmas e vivem felizes com isso. Seja lá o que eles consideram que ser feliz é.

Deixo-vos com uma metáfora inventada por mim. Ocorreu-me e pareceu indicada para terminar este artigo. Um pensamento que está dentro de tantas e tantas mentes, espalhadas por esse mundo fora.
«Eu não vou deixar o meu sofá de 3.000 euros para dormir no chão de um T0 imundo onde não terei nada, apenas liberdade…»

Bom fim de semana e já sabem: a vossa opinião importa!

JB


quinta-feira, 5 de setembro de 2019

O Perigo De Ser Demasiado Prestável

Há muito que eu quero falar convosco sobre este tema. Longe vai o tempo em que ser prestável era sinal de receber em troca o mesmo tratamento por parte dos outros. Observo que hoje em dia é mais um risco do que uma qualidade! Mas não deixemos de ser prestáveis, por favor, tenhamos apenas muito cuidado com quem o somos.
Antes de transmitir-vos a minha opinião sobre “o ser prestável”, eu assumo já que eu apenas sou prestável para as pessoas que estão no meu coração. Sou educada com toda a gente, mas ser prestável é muito mais do que isso.

O que são pessoas prestáveis?
A meu ver, são pessoas boas, gentis, sempre dispostas a ajudar e até a fazerem as tarefas dos outros. São pessoas calorosas de quem todos gostamos, raramente entram em conflitos, resumindo são pessoas que toda a gente gosta de ter por perto.

Ser prestável pode sim ser um risco. Um risco para si mesmo.
Nos dias que correm as pessoas tendem a abusar de quem é prestável. Isto é tão errado quanto verdade. Ao invés de se ficar agradecido à pessoa que fez algo por nós, hoje em dia as pessoas abusam disso. Vão pedindo sempre mais e mais favores, esquecem-se de agradecer, chegando a um ponto em que já esperam que a pessoa prestável lhe preste vassalagem, como se fosse uma obrigação. Como o ser humano é ingrato e centrado em si mesmo. Quanto mais damos de nós, mais as pessoas querem. Querem mais e mais.
Se és uma pessoa prestável e estás lendo isto tem muito cuidado e presta atenção às pessoas à tua volta, não deixes que abusem de ti e nem que te manipulem. Há riscos emocionais e psicológicos inerentes.
Por inúmeras vezes as pessoas demasiado prestáveis escondem todas as suas emoções, especialmente as negativas, tornam-se ansiosas, sentem-se inferiores, sobretudo perante as pessoas para quem são tão prestáveis e desenvolvem até alguma dependência relativamente a elas. Pessoas prestáveis frequentemente culpam-se a elas mesmas e são exageradamente autocríticas. É emocionalmente desgastante ser demasiado prestável, ainda mais quando não há retorno.


Devemos deixar de ser prestáveis?
Não. Devemos sim cuidar das nossas emoções, do nosso bem-estar. Podemos fazer isto e ainda assim cuidar dos outros, mas sem exageros. As pessoas não precisam de ser cuidadas o tempo todo. Não são eternos bebés. Pratiquem o uso da palavra não sem serem agressivos. É possível ser gentil e dizer não. Não nos podemos deixar esmagar por pessoas que não conseguem olhar para além do seu ego.
Não abdiquem de ser tratados com respeito. Não abdiquem do direito de ser cuidados também.

Conhecem pessoas demasiado prestáveis? Contem-me tudo.



JB