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quarta-feira, 4 de março de 2020

Não amar não é motivo suficiente

Chegámos a uma época em que não amar não é motivo suficiente para terminar um relacionamento. Eu confesso que isto me assusta. Talvez me assuste que um dia também eu me torne assim. Eu acredito que não, mas a atualidade está repleta destas situações, é quase uma epidemia. O amor está doente. Quase moribundo.
Se nós estamos numa relação em que não há amor, devemos perceber que estamos a sacrificar a nossa felicidade e a da outra pessoa. Nenhum dos dois se atreve a dar o passo da separação e isto prolonga-se por anos ou para o resto da vida.
Há muitas pessoas que não se amam, mas permanecem juntas. Casais que vivem numa constante infelicidade e que se impedem de viver a vida que realmente gostariam. Este tema levou-me a procurar a opinião de várias pessoas, de diferentes idades e em diferentes fases das suas vidas e em diferentes tipos de relacionamentos.
Sinto que devo mencionar que eu não tenho experiência pessoal neste tipo de situações, por isso eu pesquisei, eu li muito, eu falei com pessoas que já tiveram ou têm relacionamentos deste género. O amor e as pessoas fascinam-me. Tenho sempre uma espécie de necessidade de compreender a interação entre o ser humano e este sentimento que move o mundo - o amor, ou a falta dele.
Não estou aqui para julgar, mas o assunto intriga-me.
Aprendi que muitas pessoas são emocionalmente dependentes umas das outras, ou um dos elementos do casal é e isso torna a palavra separação bastante assustadora. O medo da solidão, de não conseguir encontrar outro parceiro, são fantasmas que assombram algumas pessoas que estão neste tipo de relacionamento. Aprendi também que há pessoas que não procuram muito mais numa relação do que companheirismo, aquela amizade que é prometida para o resto da vida. Têm interesses comuns, respeitam-se, fazem coisas juntos, só não há é amor. Amor apaixonado. Porque talvez haja outro tipo de amor: o amor que representa a amizade. A amizade é amor. Mas amor sem paixão. Serão as pessoas felizes assim? Verdadeiramente felizes? A minha dúvida reside em saber se realmente estes casais são felizes, são conformados com uma vida sem paixão? Encontram prazer apenas no partilhar a vida a dois, na sua zona de conforto? Sem amor?

Errol F. Richardson

À medida que o tempo vai passando, estes casais vão perdendo auto-estima e viver sem amor e paixão é aceite como o normal. Cria-se o hábito de estarem juntos, somente isso. Ficam acostumados com a vida que têm, partilham os mesmos amigos e têm uma série de rotinas que não gostariam de perder. Consideram que isso seria um grande problema. Sim, isto é mais comum do que aquilo que se pensa. Geralmente, estes relacionamentos ou são muito longos ou são casamentos. Se houver filhos então... A situação torna-se muito mais complicada. O motivo que une o casal (sem amor) é o amor pelos filhos, pelo bem-estar deles, pela estabilidade das crianças. Por vezes, são dois amigos a criar crianças, outras vezes são dois estranhos que se odeiam. Motivos económicos, estabilidade financeira, enfrentar o julgamento da família por um divórcio, e desiludir os filhos parecem ser motivos bastante fortes para manter duas pessoas que não se amam juntas. Estes casais investem dinheiro, esforço e tempo a criar uma zona de conforto, a criar uma família, mesmo quando já não há amor. Em alguns casos nunca existiu. São os já mencionados relacionamentos de amor de amizade, ou diria eu duas necessidades que se encontram e partilham as suas carências. Estas pessoas sentem medo, insegurança e até culpa quando pensam em separação ou divórcio. Outros têm esperança que o amor resolva aparecer um dia.
Eu acredito que cada casal é único e tem a sua própria história. No entanto, é preciso ressalvar que sacrificar a própria felicidade tem um custo emocional muito elevado.

Se estás nesta situação, deixa o teu comentário. Se não estás deixa também. Já sabem, podem manter-se anónimos nos comentários. Todas as opiniões são bem-vindas.
Fica a questão: se não amar não é motivo para terminar um relacionamento, o que será?

English Version

Not loving is Not enough

We have reached a time when not loving is not enough reason to end a relationship. I confess that it scares me. Maybe it scares me that one day I will become one of those people. I don't believe I will, but these days we see it a lot, it's almost an epidemic. Love is sick. Almost dying.
If we are in a relationship but there is no love, we must realize that we are sacrificing our happiness and the happiness of the other person. Neither of them dares to take the step of separation and this goes on for years or for the rest of their lives.
There are many people who don't love each other, but remain together. Couples who live in constant unhappiness and who prevent themselves from living the life they would really like. This topic led me to seek the opinion of several people, of different ages, at different stages of their lives and in different types of relationships.
I feel I must mention that I have no personal experience in these situations, so I researched, I read a lot, I spoke to people who have had or have relationships of this kind. Love and people fascinate me. I always feel a kind of need to understand the interaction between human beings and this feeling that moves the world - love, or the lack of it.
I'm not here to judge, but the subject intrigues me.
I learned that many people are emotionally dependent on each other, or one of the elements of the couple is and that makes the word separation quite scary. The fear of loneliness, of not being able to find another partner, are ghosts that haunt some people who are in this type of relationship. I learned that there are people who don't want much more in a relationship than companionship, that friendship that is promised for the rest of their lives. They have common interests, respect each other and do things together; the only thing that is not there is love. Passionate love. Maybe there is another kind of love: the love that represents friendship. Friendship is love. But love without passion. Will people be happy like that? Truly happy? My question is whether these couples are really happy or just conformed with a life without passion? Do they find pleasure only in sharing life together, in their comfort zone? Without love?
As time goes by, these couples lose self-esteem and living without love and passion is accepted as normal. The habit of being together is created, that's all. They get used to the life they have, share the same friends and have a series of routines that they do not want to lose. They consider that a major problem. Yes, this is more common than you think. Usually, these are either long-lasting relationships or marriages. If there are children then ... The situation becomes much more complicated. The reason that unites the couple (without love) is the love for their children and the concern for their well-being and stability. Sometimes they are two friends raising children, other times they are two strangers who hate each other. Economic reasons, financial stability, facing family judgment for a divorce, and disappointing children seem to be strong enough reasons to keep two people who don't love each other together. These couples invest money, effort and time to create a comfort zone, to create a family, even when there is no love. In some cases it never existed, it's the aforementioned friendship love relationships, or I would say two needs that meet and share their emotional gaps. These people feel fear, insecurity and even guilt when they think of separation or divorce. Others are hopeful that love will (re)appear one day.
I believe that each couple is unique and has its own story. However, it must be noted that sacrificing one's own happiness has a very high emotional cost.

If you are in this situation, leave your comment. If you're not, leave it too. You know you can remain anonymous in the comments. All opinions are welcome.

The question remains: if not loving is not enough reason to end a relationship, what will be?


JB 

sexta-feira, 18 de outubro de 2019

Quando vai parar de doer?


Não esperem um texto motivacional, inspirador ou positivo. Não esperem palavras bonitas e cheias de força. Se é disso que estão à espera, aconselho-vos a parar por aqui.

Há um mês atrás, por esta hora, eu já estava órfã de pai. Um mês e continua a doer como se tivesse acontecido neste segundo. Os sentimentos continuam inflamados com fúria e revolta.
O pai faleceu por causa de um cancro no estômago silencioso, traiçoeiro e inoperável. Tudo aconteceu em pouco mais de um mês: o diagnóstico, o sofrimento e a morte. Serei breve. O pai começou a sentir-se indisposto no início de Agosto (2019). Ele sempre “vendeu” saúde, no início ninguém pensou tratar-se de algo tão letal. Duas semanas indisposto e após alguns vómitos, o pai foi ao médico – umas coisinhas leves para aliviar o mal-estar no estômago e nenhum exame foi feito. Isto pode soar a uma crítica, mas neste ponto eu já não sei quem culpar ou criticar – toda a gente e ninguém ao mesmo tempo. Eu percebo que por um mal-estar numa pessoa que sempre teve saúde não é propriamente um sinal de alarme, mas já eram duas semanas a sentir-se mal do estômago. A meio do mês de Agosto o pai perdeu quase todo o seu sangue num compulsivo vómito que o levou à urgência e onde soubemos que ele tinha cancro. Um belo de um cancro. O pai ficou muito triste e sentiu-se culpado por não ter ido antes ao médico, os manos e a mãe alimentaram algum tipo de esperança divina ou sobrenatural e eu? Bem, eu já temia que não era apenas uma úlcera e apesar do meu cérebro científico suspeitar há algum tempo que seria de facto cancro, o meu coração de filha incitava-me a ter esperança que fosse algo menos sério. Seguiu-se uma enxurrada de exames – aqui o SNS funcionou sem nada a apontar. Foram rápidos e o pai sempre foi bem atendido e tratado com respeito e seriedade e, claro, prioridade máxima. O cancro era terminal. Já espalhado e era enorme - metade do seu estômago era cancro.
Os médicos que cuidaram do pai não foram 100% sinceros, mas foram 80%. O meu irmão vive na Alemanha e desde o início de Setembro que os médicos pediram à mãe que reunisse os filhos. Falámos por telefone com a médica que estava com o caso do pai e ela disse-nos que seria uma questão de meses, não teríamos mais tempo. O pai não pode fazer tratamentos, o sangue dele estava com níveis assustadores, além de uma severa anemia. Chegaram as dores intensas no estômago, a morfina não estava a ajudar e o pai foi novamente às urgências por causa da dor. E pronto, tudo acabou aqui. A médica cuidou dele como se houvesse esperança, mas não havia e ela acabou por pedir à mãe que chamasse os filhos pois o pai não sobreviveria à noite. E não sobreviveu.
Não que haja tempo suficiente para que se possa aceitar uma sentença desta força, mas um mês? Nós nem conseguimos respirar fundo e o pai já estava sepultado. Estou dormente até hoje. Penso tantas vezes que é mentira, que isto é uma espécie de realidade paralela. Como é que a minha mãe pode ser viúva? O pai morreria de velhice, pelo menos na minha cabeça seria assim.
Sobre o pai… Ele viveu a vida como ele quis. Amigos, família, festa e o seu copo de vinho nunca faltaram. O pai ajudava toda a gente e toda a gente gostava dele. O meu pai amou-me a mim e aos meus irmãos em todos os momentos das nossas vidas. O pai amava sem pedir nada em troca. O pai… o meu pai… o nosso pai… o marido da minha mãe. O centro da nossa família, o centro das atenções, o ex-combatente do Ultramar. Quem vai falar sem parar na noite de Natal? Nunca mais será o mesmo. Nada nunca mais será igual. Tão injusto. Tanta dor. Estamos destroçados, despedaçados, dilacerados. Eu não consigo olhar-me no espelho e pensar que eu já não tenho o pai comigo. Dói demasiado. Isto não vai cicatrizar nunca? Quanto tempo dura esta angústia?
O meu pai era tão amado. Quero deixar aqui o meu profundo agradecimento a toda a nossa família (paterna e materna) que sempre estiveram lá para nos manter em pé quando a única vontade era morrer também. Foram incansáveis. E não apenas na morte do pai, durante o mês em que ele adoeceu estiveram sempre presentes. Os meus tios, os meus primos, os amigos do pai, colegas de trabalho, toda a gente mesmo – o pai nunca esteve sozinho nem na doença e nem na sua morte.
Às pessoas que estiveram do meu lado presencialmente ou do outro lado do telefone o meu obrigado não é suficiente. Eu tenho pessoas tão boas na minha vida, elas trazem um pouco de luz à escuridão que me tem perseguido. Pessoas de quem eu não esperava nada. E também há aquelas de quem eu esperava algo e não obtive nada. O cancro não se pega, não tenham medo que não é contagioso.

A todos aqueles que enfrentam (ou enfrentaram) este monstro o meu abraço sentido de força. O cancro atinge os “inatingíveis”.
Obrigada pelo vosso tempo.


JB

domingo, 15 de setembro de 2019

Quando a vida nos derruba... com estrondo.

Quem nunca foi atingido desta maneira? Tenho sérias dúvidas de que alguém consiga passar por esta vida sem ser abalroado pelas partidas de mau gosto que a vida gosta de pregar. São aquelas partidas muito feias e sombrias que nós sempre achamos que nunca nos vão acontecer.
Já alguma vez se sentiram atingidos desta maneira? Como se tivessem sido atropelados por um camião? E quando tentam levantar-se, ele faz marcha à trás e atropela-vos de novo? É esmagador. Eu venho aprendendo muito sobre este sentimento nos últimos tempos.
Não é fácil manter a clareza no pensamento nestes momentos. Uma pessoa sente-se encurralada, sente-se impotente, sente-se menor do que um grão de areia.

Não venho dar-vos conselhos. Venho apenas partilhar que, apesar de uma dor imensa, intensa e extremamente poderosa, não podemos deixar de acreditar que vida vale totalmente a pena. Sim, vale a pena. Vale a pena viver para experienciar a aventura, o prazer, a amizade, as viagens, vale a pena sentir o cheiro das flores, a brisa fresca no rosto, a música, os livros, o amor.
Há muito tempo que eu parei de questionar os desígnios da vida. Não é que eu não sinta vontade de o fazer, porque eu tenho, mas eu entendi que é uma luta inglória. É uma pergunta sem resposta. Então para quê gastar energia questionando a vida? É melhor blindarmo-nos antes com uma grande capacidade de aceitação de tudo aquilo que nós não podemos controlar.



Permitam-se sentir todas as emoções negativas. Dor, desespero, tristeza, impotência, revolta. Gritem se tiverem vontade de o fazer. Chorem como se não houvesse amanhã. Temos o direito de sentir tudo isto. Somos dotados com a capacidade de sentir - é um direito nosso exprimir as nossas emoções -  não abdiquem dele.
O ser humano é tão frágil quanto é forte. E é por isso mesmo que nós nos conseguimos reerguer das atrocidades que a vida nos faz. Nunca mais seremos os mesmos. Isso não. Não seria possível. Mas com alguma resiliência podemos nos tornar pessoas melhores do que éramos antes. Mais fortes. Mais destemidas. Quando nós aceitamos a perda, uma luz acende-se dentro de nós. Uma luz que nos traz a notícia de que sobrevivemos.

E se sobrevivemos a uma dor tão profunda, poucas coisas daí em diante nos derrubarão.


JB

quinta-feira, 5 de setembro de 2019

O Perigo De Ser Demasiado Prestável

Há muito que eu quero falar convosco sobre este tema. Longe vai o tempo em que ser prestável era sinal de receber em troca o mesmo tratamento por parte dos outros. Observo que hoje em dia é mais um risco do que uma qualidade! Mas não deixemos de ser prestáveis, por favor, tenhamos apenas muito cuidado com quem o somos.
Antes de transmitir-vos a minha opinião sobre “o ser prestável”, eu assumo já que eu apenas sou prestável para as pessoas que estão no meu coração. Sou educada com toda a gente, mas ser prestável é muito mais do que isso.

O que são pessoas prestáveis?
A meu ver, são pessoas boas, gentis, sempre dispostas a ajudar e até a fazerem as tarefas dos outros. São pessoas calorosas de quem todos gostamos, raramente entram em conflitos, resumindo são pessoas que toda a gente gosta de ter por perto.

Ser prestável pode sim ser um risco. Um risco para si mesmo.
Nos dias que correm as pessoas tendem a abusar de quem é prestável. Isto é tão errado quanto verdade. Ao invés de se ficar agradecido à pessoa que fez algo por nós, hoje em dia as pessoas abusam disso. Vão pedindo sempre mais e mais favores, esquecem-se de agradecer, chegando a um ponto em que já esperam que a pessoa prestável lhe preste vassalagem, como se fosse uma obrigação. Como o ser humano é ingrato e centrado em si mesmo. Quanto mais damos de nós, mais as pessoas querem. Querem mais e mais.
Se és uma pessoa prestável e estás lendo isto tem muito cuidado e presta atenção às pessoas à tua volta, não deixes que abusem de ti e nem que te manipulem. Há riscos emocionais e psicológicos inerentes.
Por inúmeras vezes as pessoas demasiado prestáveis escondem todas as suas emoções, especialmente as negativas, tornam-se ansiosas, sentem-se inferiores, sobretudo perante as pessoas para quem são tão prestáveis e desenvolvem até alguma dependência relativamente a elas. Pessoas prestáveis frequentemente culpam-se a elas mesmas e são exageradamente autocríticas. É emocionalmente desgastante ser demasiado prestável, ainda mais quando não há retorno.


Devemos deixar de ser prestáveis?
Não. Devemos sim cuidar das nossas emoções, do nosso bem-estar. Podemos fazer isto e ainda assim cuidar dos outros, mas sem exageros. As pessoas não precisam de ser cuidadas o tempo todo. Não são eternos bebés. Pratiquem o uso da palavra não sem serem agressivos. É possível ser gentil e dizer não. Não nos podemos deixar esmagar por pessoas que não conseguem olhar para além do seu ego.
Não abdiquem de ser tratados com respeito. Não abdiquem do direito de ser cuidados também.

Conhecem pessoas demasiado prestáveis? Contem-me tudo.



JB

terça-feira, 18 de novembro de 2014

Porquê?

“As pessoas ficam juntas pelas razões erradas; para esquecer outras pessoas, para mudar de vida, porque acham que chegou a altura de fazer o que todos esperam que se faça; casar e ter filhos. Raramente ficam juntas de uma forma livre e totalmente sincera. Raramente se unem de uma forma pura e verdadeira, por amor.”