Nem sempre um pastelinho de Belém cai bem...

Belenenses 1 x 1 FC Porto

Campeão não cai, mas treme

Era visível o estado do relvado. Mau, muito mau. Complicou a vida a ambas as partes. Sem desculpas, nem exceções. A bola ressaltava sem perdoar. Havia mais areia do que relva. Isto condicionaria o próprio desempenho dos jogadores, as suas capacidades individuais. Volto a referir: para ambos os lados.

Quando de um lado está o clube que amas e respeitas acima de tudo e todos. Quando no outro lado está o clube especial que te apaixona desde sempre… torna-se difícil ser imparcial. E assumo sem medo de julgamentos, que desejava ver o Belenenses em 2º lugar no campeonato.

Belém é história. Um dos melhores médios de sempre por lá passou, falo do tão amado Pedroto. Falo de Sebastião da Fonseca também. Sim, porque eu sei que antes de Eusébio havia Matateu, avançado valioso para o Belenenses e para a seleção nacional. Sim, eu sei, porque o futebol é muito mais do que uma paixão. E muito antes deles, Zé Manuel Soares, ainda hoje digno da tradicional homenagem Portista, fez na sua época feitos extraordinários. Histórias bonitas que fazem do Belenenses um clube com uma reputação firme no nosso futebol e pela qual tenho muito respeito.

Vamos aos factos. Vamos ao que realmente se passou em Belém, no Restelo.

Desejei a derrota do Belenenses com todas as minhas forças, devo confessar. Cantei, gritei, zanguei-me com Martínez por escorregar e com Matt Jones por defender. Aplaudi Helton por nos salvar da derrota e fiquei triste com Mangala. Mas já me passou. Estás perdoado.

Estou habituada a entrar por outra porta no Restelo desde há muito, mas hoje não. Hoje estaria com os meus, todos juntos levaríamos a equipa à vitória. Pensava eu… Não, esperem, eu estava convicta disso!

Jackson Martínez começou com alguns bons pormenores, os Dragões tentavam cercar a defesa do Restelo. Sol de pouca dura.

Logo no final do minuto 14 um passe de calcanhar de Fredy, congela os corações “do norte”. Porto tentava dominar, mas pouco sabia aproveitar as falhas defensivas do adversário. Antes dos 20’m já o FC Porto tremia perante as ameaças de Tiago Silva. Com as faixas laterais do relvado em muito mau estado, Danilo e Alex Sandro não conseguiram impôr velocidade, deixando nos extremos toda a responsabilidade de fazer a bola chegar à área contrária. E foi mesmo isso que Ricardo e Varela tentaram fazer. Filipe Ferreira, salvou o que seria o remate certeiro de Ricardo aos 25’m.

Inquietação das duas equipas, certamente por motivos diferentes. Jogo de fraco rendimento dos Dragões, realçava a boa organização que o Belenenses tentava manter e fazer vingar.

Aos 29’m falta de Duarte sobre Alex Sandro era merecedora de amarelo. E na sequência deste livre sai o golo de Mangala. Menos de 3’m depois… Mangala com a bola controlada, fica a observar João Pedro a marcar o golo do empate. Fredy na jogada, mais uma vez. Fredy, Fredy.

Poderíamos ficar por aqui. Estava ditado o resultado final. Mas ainda faltava muito tempo de jogo, que em nada mudaria a exibição cinzenta dos campeões nacionais.

2ª parte começa com o FC Porto a demonstrar que queria mudar o rumo da partida. Aos 49’m Ricardo surge bem, mas remata mal. Grande cruzamento de Varela. Mérito também de Matt Jones.

Os Belenenses pressionavam, não desarmavam. Os Portistas facilitavam.

Era urgente inverter o triângulo do meio-campo. Não vale a pena enumerar os passes falhados do Porto. Todos tiveram direito a dezenas deles!

Aos 63’m numa boa jogada de Danilo, Jackson Martínez cabeceia mal, uma das poucas vezes que conseguiu escapar a João Meira, o avançado colombiano falha. Novamente Danilo, agora com Lucho, tentavam criar perigo. Atraso providencial do central Meira para Jones aos 66’m, que sentiu Martínez nas costas.

Alex Sandro tentava subir no flanco, Varela tentava tabelar… com um relvado assim parece-me proibido fazê-lo. Aos 76’m vimos um remate de Herrera que Jones segurou com firmeza.

Belenenses não tinha medo de arriscar e aos 82’m Helton salva a equipa da derrota. Diawara quase marca. Danilo fica pelo meio.

Mangala ainda tem tempo de levar um cartão amarelo por uma falta sobre Fernando Ferreira, que faz um enorme teatro.

Os cruzamentos de Danilo procuravam Cha Cha Cha que… escorregava apenas.

Destaques:

Nota negativa para o estado do relvado que prejudicou o espetáculo;

Duarte Machado, jogador concentrado e eficaz;

Fredy, que baralhou os Tricampeões Nacionais ao longo de toda a partida;

Diakité, preciosa aptidão e experiência;

Varela nunca desistiu;

Jackson pouco tentou.

O Meu Homem Do Jogo: Helton

Opinião

Contra factos não há argumentos. O colectivo não esteve bem. Martínez continua a andar pelas linhas, a escorregar.

Jackson: somos admiradores da tua arte. Somos fãs da tua técnica. Deixa-te brilhar. Queremos que te esforces por nós, por ti, pela Instituição que representas, pelo Clube que te deu um novo rumo. Sente o FC Porto. É certo que nunca saberás o que é Ser Porto, afinal nós é que SOMOS PORTO. Mas enquanto aqui estiveres, enquanto vestires a nossa camisola terás de ser mais, correr mais, lutar mais. Acertar mais do que errar. Não é pedir muito e sabemos que consegues. Ao menino que estava ao meu lado e que dizia baixinho: “Fogo Porto não me faças isto…” O que tens a dizer-lhe Jackson?

Mangala e Otamendi precisam de se acalmar.

No geral, o FC Porto teve mais domínio, mas sem oportunidades flagrantes, foi ineficaz na finalização, ou melhor, onde começou mesmo a ineficácia? Logo a seguir ao Helton. Lucho apagado, Fernando deu o que pode.

Belenenses foi uma equipa esperta, e não concordo quando se disse que baixou as linhas. Vimos o mesmo jogo? Não, não pôs o autocarro à frente da baliza. Lançou-se a nós numa disputa que o FC Porto não soube vencer.

Antero gosta muito de ficar no banco. Também dará dicas?

Por Fora…

Académica 0 x 3 Benfica, jogo sem grande inspiração, equipa da Luz continua sem alma, mas destaco o belo golo de Markovic, ainda que o resultado em nada traduza a exibição;

Sporting 3 x 2 Marítimo, grande golo de Capel, reviravolta no marcador para o Marítimo e novamente Sporting que vence de forma muito sofrida;

Arouca 0 x 0 Paços de Ferreira, pouco futebol, Arouca começou bem, mas foi perdendo velocidade, uma luz ao fundo do túnel para o Paços;

Nacional 0 x 0 Olhanense, jogo repartido em que em cada uma das partes uma equipa foi superior à outra e nem a expulsão precoce de Ali Ghazal ditou facilidades para os algarvios;

Estoril 0 x 2 V. Setúbal, surpresa da jornada para a equipa que tem vindo a praticar um futebol consistente, os sadinos organizaram a defesa  e apostaram no contra-ataque rápido;

Gil Vicente 1 x 0 V. Guimarães, os homens de Barcelos levaram a melhor, César Peixoto fez o único golo da partida e leva a equipa para o 4º lugar da tabela;

 

Braga 0 x 1 Rio Ave, mal os bracarenses, mal a turma de Vila do Conde, golo-bomba de Tarantini ditou o resultado.