terça-feira, 19 de maio de 2015

Seres Equilibrados? Quando?

Não acredito que algum dia haja seres humanos totalmente equilibrados. E tenho medo deles até!


Temos momentos de equilíbrio. Claro que em algumas pessoas esses momentos são mais constantes, noutras, porém, nunca existiram sequer.
Quem não tem explosões emocionais? Motivos não nos faltam. Quem não tem “ataques”, quando o controlo se afasta? Desde um motivo ridículo a um motivo importante, afinal o que para uns é muito importante para outros não interessa nada.

A questão do equilíbrio é algo que menosprezo. Não me interessa ser uma pessoa equilibrada e tenho tendência a rir-me das pessoas que tentam passar essa imagem. Lá por dentro… Lá por dentro com toda a certeza vai um turbilhão de emoções. Somos seres pensantes, vulneráveis (por mais que o neguemos), somos seres vivos. Deixem-se ser desequilibrados. Não tenham receio de o ser. Não quero com isto dizer que as pessoas devem enlouquecer e atentar contra a integridade física de terceiros! Quero apenas dizer que não se deixem atormentar, não se achem malucos porque se comportam como seres desequilibrados. Não são doidos porque vos apetece devorar a cozinha (é mais o seu conteúdo alimentar) a meio do dia, da noite; não são doidos por não saberem o que querem ser, ter ou fazer; não são desequilibrados por vos apetecer bater ferozmente em alguém (mas não o façam). São humanos. Os seres humanos são, para mim, perfeitos. Conseguem ser tudo: de bom e de mau. Há de tudo um pouco. Poderá haver mais perfeição do que esta?

As convenções sociais (gostava de saber quem as inventou) são a “morte” dos fracos e o desafio dos guerreiros. Ser equilibrado emocionalmente, fisicamente ou qualquer outra coisa acabada em “mente” é um delírio social (afirmo-o eu) e algo que convém sempre transparecer. Fica bem. Mesmo que não nos faça sentir bem, pelo menos fica bem aos outros. Dá a ideia de que somos pessoas de confiança. Confiança e equilíbrio têm alguma coisa a ver? Quem disse que tinha? As pessoas em quem mais confio são totalmente desequilibradas (terei de usar assim o termo que a sociedade me ensinou). Quando parámos de ser felizes para sermos equilibrados? Quando foi que permitimos que a falsa aparência dominasse o que queremos ser? E se não quisermos ser “nada”? A sociedade vai julgar-te, diminuir-te, excluir-te. E depois? Que importa isso? É bom saber viver em sociedade, desde que respeitemos as escolhas de cada um, mas viver dependente do que a sociedade pensa/sente sobre a tua pessoa? Mais vale estar em morte cerebral. E o pior é que a sociedade somos todos nós. Somos nós que julgamos, maltratamos, falamos mal dos outros (como se existisse alguém que não fale), excluímos os que nos parecem errados… Parece-vos isto uma sociedade equilibrada? Bem me pareceu. Não o fomos, não o somos e não aspirem a sê-lo.
Que fartura de conselhos (que ninguém usa em si mesmo): sê otimista, toma resoluções, cumpre o que dizes, traça metas, sê gordo, sê magro, sê sincero, faz isto, faz aquilo. A sério? Não sejam ridículos. As pessoas têm de ser aquilo que lhes apetece. E porquê? Porque só a nossa vontade satisfeita nos dá prazer, nos faz felizes.


Não permitam que a sociedade dite regras. Não tem esse poder. Ou melhor, é capaz de ter, porque somos nós que lho damos. So sad!


For someone who is so much more than she thinks she is.

14 comentários:

  1. gostei muito do que escreveu! muito realista, pessoas realistas são as mais felizes! parabéns!!

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  2. Como diz num texto anterior que julgo estar traduzido em inglês também, "temos de ser de dentro para fora", uma curta frase que explica tudo. Vivemos num mundo de aparências. Ainda que existem pessoas que não têm receio de ser "condenadas" pela dita "sociedade" da qual fazemos parte e que por vezes cometemos os mesmos erros. Muito bem. Está de parabéns.

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  3. as convenções sociais fazem-nos desistir de nós mesmos..

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  4. Não poderia estar mais de acordo. Um texto escrito com alma, mas verdadeiro, sem delírios patéticos, nem ilusões emocionais. Uma pessoa certamente assim saberá o que é ser feliz, mais facilmente. E que a pessoa alvo da dedicatória perceba que é bom ser humano, apenas humano. Não existem super pessoas. As pessoas desequilibradas são mais felizes porque aos nossos olhos fazem aquilo que nós gostaríamos de fazer e não temos coragem. Bom texto, está de parabéns!

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  5. é isto mesmo!! ser feliz, respeitar outrem e lixar-se para os outros. viver as experiências que quisermos, como quisermos e com quem quisermos! é mesmo isto!

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  6. Não percebo futebol, nem sou simpatizante do clube sobre o qual fazes crónicas, mas pelo sucesso do blog e das mesmas entre os entendidos, julgo que percebes muito do assunto, o que é uma mais valia para o público feminino. Por outro lado, há todos estes textos que são realmente escritos por alguém que se autoentende muito bem, que se conhece e conhece bem o ser humano, mais do que aquilo que te possam querer assumir.

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  7. multi talentos :) gostei tanto. identificarmo-nos com pessoas reais, que não têm receio de dizer o que pensam, ainda mais uma Portista gosto muito :D

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  8. mais nada a acrescentar. julgamos e somos julgados! muito bom texto!

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  9. Disseste tudo. Escrita perfeita. Clara e de fácil entendimento. Gosto especialmente desta parte " viver dependente do que a sociedade pensa/sente sobre a tua pessoa? Mais vale estar em morte cerebral". Parabéns. Eu há um bom tempo que deixei de ser dependente dos cérebros alheios e sou muito feliz :) muito bom texto.

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  10. As convenções sociais (gostava de saber quem as inventou) são a “morte” dos fracos e o desafio dos guerreiros. esta tua frase é digna de livro. parabens, muito bom ler que podemos ser felizes de uma forma real, como ja tinha comprovado o teu texto anterior, basta coragem, somos o que somos e podemos ser felizes, algo tao simples, mas que ninguem faz. muito bom texto.

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  11. Dá que pensar...O que é afinal a normalidade? Ou a ausência dela? Quem decide quem é o quê? Cada indivíduo deve apenas ocupar-se de si, perder tempo consigo, investir em si...Não esperar pelos outros, que os outros façam, que os outros digam. Corre-se assim o risco de viver a vida dos "outros" e não aquela que se poderia ter vivido. Excelente texto! De uma clarividência e "frieza" impressionantes!
    Em tempos li um livro, que apesar do tema polémico, abre caminho à discussão de questões como esta. Algumas passagens são, de facto, para refletir: "(...) iria permitir-me ser louca, porque todo mundo é - e piores são aqueles que não sabem que são, porque ficam repetindo apenas o que os outros mandam."

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