Chegámos tarde, mas a atropelar

FC Porto 2 x 0 SC Braga

Expectativa. Ambição. União. Bom futebol. Queríamos tanto.

A 1ª parte começa, adeptos facilmente percebem que o Dragão continuava adormecido. Passes errados. Pouca segurança. Os adeptos pressionavam. A equipa Azul e Branca era facilmente bloqueada pelo adversário. Maicon e Josué assustavam com alguns erros demasiado “visíveis”. Pardo assustava a defesa da casa que parecia estática. Alan tentava confundir o meio-campo do FC Porto e, sem conseguir ripostar, passaram-se 30 minutos. Conseguiu Alex Sandro um cartão amarelo. Cartão este necessário. Josué erra e o lateral corrige em falta. Meia-hora e o Campeão não conseguia atinar. O Braga já contava com 4 remates, FC Porto apenas 1.

FC Porto atacava só com Jackson e Varela. Se compararmos ao Braga, este atacava com 5 homens. Os Dragões dependem muito dos laterais e os minhotos sabiam a lição e fechavam bem aquelas zonas, deixando a equipa da casa sem ideias e sem conseguir subir. Era urgente o FC Porto atacar com mais gente, os médios tinham de ajudar nas saídas para o ataque, mas isso não acontecia e ficavam atrás. A bola nem chegava a Varela, quanto mais a Jackson.

Ao minuto 34, Josué, após muitos passes terríveis, constrói uma jogada e faz um grande remate para a defesa de Eduardo. Insiste Josué. A bola sai por cima.

FC Porto demonstrava agora querer mudar o sentido da partida. Bastava ver que, quando Herrera ou Defour subiam para apoiar o ataque, havia uma diferença significativa na intensidade da jogada.

Perto dos 40’m o Braga já tinha menos espaço, estava agora mais pressionado. Mas não desistia. Prova disso é o corte providencial de Danilo à beira do intervalo. E depois o de Maicon ao cair do pano que encerrava uma 1ª parte sem golos.

O esquema alterado que dá primazia a dois trincos não estava a funcionar. Sim, trincos! Que irritação que me causa chamarem-lhes pivôs, não estamos no basquetebol!

2ª parte traz novidades. Troca no meio-campo. Sai Lucho, entra Carlos Eduardo. A partida teria, daqui por diante, outro rumo. Não pela saída de Lucho que, com mais liberdade, faria o mesmo que o brasileiro, mas porque inerente às qualidades técnicas de Carlos Eduardo está a sua característica de ajudar/construir saídas para o ataque, está sempre na “retaguarda” das mesmas. Herrera soltar-se-ia agora mais. Estava desfeito o triângulo “tradicional” de Paulo Fonseca. Se foram as circunstâncias que assim o ditaram, ditaram muito bem.

FC Porto vai finalmente “entrar em campo”. Segundos depois de entrar Carlos Eduardo, este e Danilo tornam a baliza de Eduardo um alvo.

Aos 48’m GOLO de Jackson Martínez! Agradece o colombiano o cruzamento de Alex Sandro.

Aos 50’m só dava FC Porto. O Dragão cuspia fogo em todos os sentidos. Josué com o seu remate possante colocava Eduardo à prova. Herrera tentava também chegar à baliza. Estava agora mais solto o mexicano.

56’m grande jogada do Tricampeão! Herrera na construção, Martínez isola-se, faz o chapéu a Eduardo, intercetado por Aderlan Santos. Esteve à vista o 2º golo! Logo depois, Héctor Herrera tenta finalizar após desvio de Carlos Eduardo. O Braga deixou de avistar a baliza de Helton, não conseguia estabilizar o meio-campo. Jogo transformado, equipa confiante. Adeptos felizes. Carlos Eduardo atrapalhava os centrais bracarenses que se perderam completamente no jogo .

71’m sai Josué, entra Licá. O extremo viria assim confirmar definitivamente o 4x3x3. Minutos depois, GOLO! Jackson!! Colombiano a bisar. Na sequência da grande intensidade de jogo, da grande exibição/pressão dos Tricampeões surge o 2º golo, mais do que justo. Primeiramente é o cruzamento de Carlos Eduardo que é afastado pelo guardião bracarense; vai Defour abrir para Varela que faz um excelente trabalho (meio-golo) sobre a defesa minhota e cruza para a cabeça de Jackson, que só tem de empurrar. Perto do apito final, Varela volta a servir Jackson, mas Eduardo nega o hat-trick a Cha Cha Cha.

89’m sai Varela para a entrada de Kelvin, uma entrada emocional para os adeptos. Simbolismo de um grande fecho de época. Kelvin ainda tem muito que amadurecer.

Aos 90+2’m ainda mexem os Portistas na área rival. Licá faz um grande passe para Carlos Eduardo, não fosse o fim estar perto, acredito que o 3º golo teria chegado.

Sem duplo trinco (médios-defensivos para os menos informados), o FC Porto é realmente outro.

Dragão esmagou na 2ª parte o SC Braga.

 

O Meu Homem Do Jogo: Carlos Eduardo

Destaques

As assobiadelas monumentais deixavam os jogadores cada vez mais ansiosos.

Perdas de bola em zonas de grande risco continuam.

Carlos Eduardo está cada vez melhor e vemos agora a sua refinada qualidade.

Varela é de grande nível.

Lucho passou a noite com febre e, mesmo assim, quis contribuir com a sua enorme categoria e capacidade de esforço.

Segurança e resistência de Defour, que foi o nosso barómetro.

Opinião

Braga entra muito bem neste jogo. Lição estudada. Ou, diria, bem ensinada pelo Professor que tão bem conhece o Dragão. Bloquearam-nos grande parte do 1º tempo. Com muitos erros infantis, fomos aguentando até avistar a baliza de Eduardo. É um facto. Mas acordámos. Acordámos a tempo de esmagar com futebol de qualidade o adversário. O Dragão cuspiu fogo, aquecendo assim todo o Estádio. Queremos mais FC Porto como o da 2ª parte. Delicioso para os Portistas. Pesadelo para os adversários.

Olhando atualmente para o nosso plantel, para ajudar a dar forma ao 4x3x3 que tão bem resulta no Campeão, apostaria em Licá e Varela a titulares. É importante ter um jogador de raiz na linha. Josué tem futebol dentro dele, ninguém o coloca em causa, mas como falso extremo não tem as características necessárias, nem é obrigação sua ter.

Na vida, aprender e ensinar são as pedras basilares do ser humano. Paulo Fonseca veio ensinar, mas também aprender. Aprender naquela que é a melhor “escola” de futebol do país: Futebol Clube do Porto.

Para os meus jogadores, que tanto respeito:

Eu (não) sei que não é fácil jogar, construir, marcar com uma pressão enorme vinda do próprio Estádio. Já não vos é permitido errar; já não vos é permitido não marcar; já não vos é permitido deslizes sequer. Eu não sei o que é isso. Mas vocês também não sabem o que é Amar um Clube acima de tudo. Viver por ele e para ele. Hoje estão connosco, amanhã contra nós, possivelmente numa equipa com muitos milhões. E nós aqui ficamos, muitas vezes a sentir a vossa falta. Porque vocês marcam as nossas vidas, o nosso Clube, o coração Portista.

Nós não mudamos de Amor, de camisola. A nossa cor é sempre Azul, a nossa vida é sempre FC Porto. Tal como nós não entendemos como falham tanto, vocês nunca entenderão como sofre um Dragão “ferido”. Só nunca esqueçam enquanto aqui estiverem: estamos do vosso lado, não contra vós.