Todos pensamos o mesmo.
Todos partilhamos este sentimento: os outros importam-se mais com a nossa vida
do que com a deles. Achamos que os outros ficam felizes com os nossos fracassos
e tristes e invejosos quando estamos bem. A minha pergunta é: achamos apenas ou
as pessoas são mesmo assim? Se são mesmo assim, porque querem o nosso mal? E qual
é o problema com a felicidade alheia? Somos assim seres tão maus?
A amostra que elaborei,
não tem validade científica, é meramente exemplificativa, mas demonstra que
mais de 90% das pessoas inquiridas responderam SIM à questão “Fala da vida dos
outros com frequência?”. À pergunta “Fica feliz com a tristeza alheia?”, houve
unanimidade: um rotundo NÃO. Já em conversas informais, quando questionei sobre
a origem da necessidade de se falar da vida dos outros, foi-me dito que falam
sobretudo de quem não gostam ou então mediante a ocorrência de algum
acontecimento novo/específico.
Fiquei a pensar comigo
mesma na contradição que este questionário informal foi. Então não ficam
contentes com o mal dos outros, mas fazem deles o alvo favorito das suas
conversas menos abonatórias?
Deduzi que é gasto muito
tempo a falar de quem não se gosta, de quem nos fez mal, directa ou
indirectamente. Deduzi também que raramente falamos dos que amamos. Logo,
raramente temos uma conversa positiva.
Parece-vos saudável esta
conclusão? Leva-nos de questão em questão: porque não falamos do que amamos? Receio
da inveja dos outros? Ou não temos nada na nossa vida que amemos? Não acredito!
Todos gostamos de alguém, ainda que não falemos disso (lá está). De uma música.
De um filme. Não falamos muito das coisas que nos dão prazer fazer.
Proporciona mais prazer
falar mal do que falar bem? Estamos viciados em tudo o que é mau?
Partilhemos respostas! É
urgente mudar mentalidades, quiçá a nossa inclusive.
Os outros somos todos
nós!
JB
(o questionário
de que o texto se socorre foi feito a 17 pessoas de diferentes idades,
profissões, escalões sociais, sob promessa de anonimato)