A perseguição quase (ou não) diabólica
de ter, possuir coisas, pessoas, lugares é assustadora. É certo que é antigo
este desejo que se apoderou da mente humana, mas tornar-se uma apologia de vida
é repulsivo. O que nos aconteceu para vivermos numa busca incessante pelo
prazer de possuir, possuir, possuir? Uma questão de resposta difícil, mas que
merece uns cinco minutos do nosso tempo.
Não sou extremista nem hipócrita. É-nos
necessário possuir. Somos ocidentais, frutos de uma sociedade capitalista onde
o dinheiro é o nosso motor, mas esquecer-se de Ser, para apenas Ter é algo que
condeno veemente. Este desejo de possuir não se limita apenas a objetos, vai
muito além disso: queremos possuir mais do que os outros, queremos ser donos
dos outros e isto sim é arrepiante. No meio desta obsessão, acabamos por deixar
de ter cérebro, perdemos a racionalidade. Tudo já não é suficiente, temos que
ter mais do que isso, até porque se não tivermos ainda corremos o risco de ser
socialmente excluídos ou marginalizados. Sim, porque hoje em dia quem não tem
prazer em possuir é considerado uma aberração. Como pode alguém ser feliz sem
possuir coisas? Nada mais triste. Queremos dominar o mundo para ganhar respeito
e sermos vistos com admiração. O dinheiro tornou-se mais atraente do que a pessoa
em si e, hoje em dia, é condição essencial para viver. O homem tornou-se
medíocre e verdadeiramente burro. O curso académico já não é alcançado pelo
prazer de saber, mas sim para obter sucesso e poder. E a ironia disto é que
realmente não achamos atraentes pessoas pobres, não vão elas contaminar-nos com
a sua “doença” (falta de capital).
Os livros de cabeceira já não são os
romances de séculos passados, mas sim algo do género “Como ficar rico em 10
dias?”, “Ser bem sucedido”, etc. Perdemos a capacidade de sonhar se não for em
“cifrões”.
Há uns dias, ao passar numa rua cheia
de serviços e comércio, olhei para os nomes dos estabelecimentos e apercebi-me
que nunca tinha reparado que os mesmos são geralmente os apelidos dos donos.
Ri-me. Queremos o nosso nome bem visível para que fique perpetuado que aquele
negócio é nosso, que orgulho. Nosso. Meu. Minha. Vivam os pronomes possessivos!
Perante isto, como mudar estes errados
conceitos de querer possuir e possuir sempre mais? Não muda e nem mudará, antes
pelo contrário. O ser humano desde sempre comprou outros seres humanos, para lhes servirem, para os lembrar que são inferiores apenas por não terem posses. Tudo o que nos torne poderosos, e mais, mais e mais. O desejo por
possuir é, não tenhamos ilusões, um monstro que nos vai conduzir à ruína, seja
ela social, moral ou pessoal, acabará sempre por nos destruir.
Anda meio mundo a dormir em cima de
barras de ouro e outro meio mundo a dormir em cima de pregos.
JB
Possuir é mais importante que ser, infelizmente não me parece que isto vá mudar.
ResponderEliminaro ser humano é uma vergonha, nada mais há a dizer
ResponderEliminaré muito triste a forma como vemos o dinheiro nos dias de hoje
ResponderEliminarHave you ever read any books on Lao-tzu and the Tao Te Ching? It really teaches how to let go of things and possessions in order to find happiness and peace. I have a Tao card deck with daily messages I like to read. The capitalist way is failing and what is happening with democracy in America right now is a direct cause of this living through greed, instead of through love. This book by Dr Wayne Dyer on the Tao was good: https://www.amazon.com/gp/product/1401921493/ref=dbs_a_def_rwt_hsch_vapi_taft_p1_i9.
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