quarta-feira, 5 de setembro de 2018

(Im)Perfeição

Tornou-se o único meio válido para viver em sociedade: parecer perfeito e feliz, ainda que seja mentira. Reunimos todos os nossos esforços para parecer… Quando devíamos encaminhá-los para realmente ser, sentir… algo.
A viver num meio que privilegia a mentira, tornámo-nos seres supérfluos, falsos e muito pior: concordamos livremente com isso. É condição essencial para sermos socialmente aceites e convenientes: mentir, ocultar, esconder, não revelar (a equação tem sempre o mesmo resultado). Aliás, preferimos mesmo que nos mintam! É mais fácil para todos. É uma espécie de acordo mutuamente aceite pelos humanos. Não queremos estar perto de pessoas com problemas, doentes ou deprimidas. Queremos que nos digam que estão bem, de perfeita saúde e de preferência que não se alonguem muito nas respostas. Afinal só perguntamos por curiosidade ou pelo “acordo social”.
Valerá a pena? É possível. Quando dizemos verdades pouco agradáveis espantamos os outros. Como se fossemos seres repulsivos, com alguma variante de peste bem contagiosa. A verdade é que… a verdade nos torna vulneráveis e, como vimos toda a gente como o inimigo, é importante que nos achem fortes. Não confiamos em ninguém e o nosso melhor amigo chama-se laptop.


A verdade é como uma roupa fora de moda… já não se usa.


JB

14 comentários:

  1. e cada vez somos mais assim

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  2. Acho que isto acontece hoje em dia porque estamos muito focados em nós mesmos, nos nossos problemas, no nosso bem-estar, e esquecemos o quão bem faz estendermos a mão ao próximo. Vamos ser mais atentos aos outros, mostrando compaixão pelos problemas do próximo.

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  3. quem é que quer ver redes sociais onde estejamos sempre a expor os nossos problemas? o problema é nosso e do próximo também, quando temos problemas ninguém chega perto, é um problema de todos: de quem quer parecer e de quem vê o que publicamos

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  4. É um facto que estamos mais egoístas, mas não podemos generalizar.

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  5. Hoje em dia é muito difícil lidar com os nossos problemas e com os dos outros. Estamos tão mergulhados nas nossas próprias coisas que acabamos por se preocupar menos com os outros, às vezes até com os nossos próprios amigos, somos desleixados e achamos sempre que os nossos problemas são maiores do que o dos outros. Olhamos demasiado para o nosso próprio umbigo.

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  6. Eu tento estar sempre presente para os meus amigos, no melhor e no pior. São eles que estão para mim quando eu preciso. Agora com os desconhecidos, confesso que sou um pouco distraído, não é indiferente, mas todos os dias vejo pessoas tão cheias de problemas, que sinceramente fico sem forças para me estar a preocupar.

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  7. Hoje em dia é importante parecer perfeito para termos muita gente à nossa beira, para nos sentirmos bem e confortáveis na nossa pele. Queremos que nos achem bonitos e atraentes, afinal a beleza hoje em dia é 100%. Sim, porque eu cá não acredito em 99%. As pessoas só querem ser elogiadas pelo que parecem, isso tornou-se o ponto de tudo. Se dissermos a alguém “ah e tal és uma boa pessoa, muito simpática e inteligente” não é tão bem recebido do que se dissermos “és linda/o, tens um corpo altamente”. Tudo é físico e nada é emocional. Não é intelectual. Pensemos portanto para onde isto caminha? Nada de bom pode advir deste panorama.

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  8. Concordo, tudo é superficial nos dias que correm. Acho engraçado nas redes sociais quando alguém precisa de ajuda porque tem alguma doença incurável ou muito grave, toda a gente faz posts a pedir ajuda, a ideia que me dá é que ninguém ajuda realmente, transmitem a mensagem para fazer parecer que estão muito preocupados e até estão sensíveis com o assunto. Treta, tudo para chamar a atenção a si mesmo e fazer parecer que são perfeitos. Detesto gente assim, ajudem, ouçam o próximo, sejam coerentes e acima de tudo, sejam honestos.

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  9. Todos dizem que odeiam a mentira e todos mentem… simples.

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  10. A maior parte das vezes que perguntamos a alguém se está bem é só para parecer bem, não nos importamos realmente. E digo ‘nós’, estou a incluir-me.

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  11. É a cultura do próprio eu levada ao expoente máximo.

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  12. Todos nós criticamos e todos nós fazemos o mesmo. São os tempos!

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  13. Não entro nesse grupo, não me interessa para nada parecer ao invés de ser. O que os outros pensam de nada me importa. Quero lá saber.

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